Estava hoje a ler o
dnoticias.pt aki na net e nao pude deixar de colocar esta noticia aki, para kem nao leu o diario aki vai:
"Já é com humor que o povo se acomoda na marginal a ver as ondas danar uma marina mal nascida no Lugar de Baixo
O povo que passeia vai estacionando os carros no parque e ao longo da estrada que contorna a marina do Lugar de Baixo. Os turistas estrangeiros fazem o mesmo. Máquinas fotográficas por todo o lado. A polícia disciplina o tráfego com dificuldade. O "tsunami de carnaval" galga pela muralha da marina. E os naturais da zona divertem-se. Ninguém quis ouvir os conselhos de quem conhece o mar daquele lugar da Ponta do Sol, pois agora é disfrutar do espectáculo, quando há. Caso de ontem. "Já vi aqui mais mar que este, mas mesmo assim está bravo", diz um agricultor olhando o "adamastor" que se levanta de oeste ao embater contra a muralha protectora da marina para a percorrer em remoinho em direcção ao edifício de serviços, até a massa de água quebrar perto do calhau antigo. Para trás um rasto de destruição nos pontões e "fingers" de atracação dos barcos.
Ao fundo, nas costas das sucessivas vagas, recorta-se o cais da Ponta do Sol, com o característico arco por baixo do qual as ondas também se mexem com exaltação.
"Aquele cais foi feito pelos tais engenheiros com a terceira classe e ainda está de pé, enquanto esta marina, projectada por técnicos famosos, há-de ir um dia." São vozes a referir-se à reacção que o ano passado, por esta altura, quando do temporal que obrigou a grandes e caros trabalhos de recuperação, o Presidente do Governo teve perante as críticas à localização e à concepção da marina. Ontem, o humor: "Nunca pensei que 20 anos passassem tão depressa", dizia outro habitante do Lugar de Baixo. Referência à justificação oficial dos estragos do ano passado. O Presidente Jardim e o vice Cunha e Silva a explicarem, então, que aquele tipo de temporal era coisa para ocorrer de 20 em 20 anos. "Num ano e meio, não houve tantas inaugurações como no mês de eleições em 2004", carregava o mesmo homem, a querer criticar as "obras à pressa por causa dos votos". Mais:
"Tenho pena que aquilo se vá escabaçando, porque são dinheiros públicos. Mas há uns tipos acolá a ver o mar bater que podiam ter feito as coisas de outra maneira e que, se aquelas ondas lhes fossem agora ao focinho, era coisa que não me deixava pena nenhuma." O povo vai fazendo humor com um espectáculo bonito de ser ver, mas muito caro para o contribuinte. "Talvez da próxima ouçam quem tem experiência destes mares" - a mensagem perde-se ante o gigante de carnaval .
MAIS CRÍTICAS
O deputado socialista José Coelho, eleito pelo concelho da Ponta do Sol, observou ontem mais um dia de estragos na marina que foi construída "sem que tivessem a ideia de ouvir as pessoas conhecedoras", como afirmou no local ao DIÁRIO. "Esta é mais uma prova de que as pessoas daqui tinham toda a razão quando, sobretudo as mais idosas, queriam dar a sua opinião sobre a obra projectada." Coelho põe em dúvida que de facto tenham sido feitos os necessários estudos, já que, diz, a Secretaria do Equipamento Social se justificou ao Parlamento dizendo que os estudos pertenciam à Ponta Oeste e que não mandava nessa sociedade. "Sei que estão ali empatados 25 milhões de euros sem rendibilização. E quem paga estes estragos outra vez?"
Luís Calisto in Diario de Noticias da Madeira
