• terça-feira, fevereiro 21, 2006

    Poema Alentejano: O CARACOLI

    Tava eu tirando moncos lá
    da cana do nariz
    enquanto fazia uma mija
    assim tipo chafariz

    Tinha a bexiga tã chêia
    que fiquê lá uma hora
    quando me assomê
    em volta tinha ido tudo embora

    Sacudi o coiso e tal
    enquanto coçava a bilha
    de tal manêra atascado
    que o entalê na braguilha

    Tirê as botas do lodo
    que fizera na mijada
    sacudi tamém as calças
    sempre com ela entalada

    Pedi ajuda à Ti Micas
    que cerca dali morava
    mas depilou-me os tomates
    a força com que a puxava

    Ensanguentado na pila
    fui aos tombos pelo monti
    vomitando quasi as tripas
    nã sêi se queres que te conti

    Como comera dôs pães de quilo
    e um garrafão p'ra empurrare
    na admira que tivesse
    três horas a vomitare

    Dêtê-me na palha fresca
    para ver se descansava
    enterrê-me logo em bosta
    de uma vaca que passava

    E foi assim que essa tarde
    conheci um caracoli
    os dois deitados na palha
    c'os cornos a secare ao soli

    1 Comments:

    Blogger Sleeping Buddha said...

    esse deve ser o poema mais lindo e profundo que já li em toda a minha vida!

    1:48 da manhã  

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